Descendo para Portsmouth e no fundo Oceano: Sobre a dificuldade de se auto-apreciar!

Oi pessoal,

Há uns dias atrás eu fui para Portsmouth, uma cidade bem na costa da Inglaterra. Dessa vez eu infelizmente não visitei nenhum museu, mas vamos ver se na próxima eu dou um jeito nisso. Eu amo barcos e museus, então você já pode imaginar como eu ficaria em um museu DE BARCOS né?

A cidade é super lindinha. A estação de trem é bem antiga e simples, mas quando eu dei os meus primeiros passos por lá já fiquei encantada. Você anda no meio de um monte de gente com malas enormes ou bicicletas e quando finalmente escapa da multidão, dá de cara com um janelão imenso que corta o meio da parede de concreto, mostrando os barcos logo atrás. Eu poderia ter parado pra chorar de emoção ali mesmo, mas eu segui o povo até a saída da estação, que dá diretamente pra um tipo de mirante bem acima do oceano. O cheiro de maresia (que eu adoro) é super forte e eu tive a sorte de ir num dia ensolarado e gostoso que me deixou fazer umas gravações muito tchucas, como a que está no final do post.

Vou ser sincera com vocês, eu peguei uma gripezinha super chata e talvez por isso minha memória esteja meio embaralhada, então não consigo lembrar bem de todo o passeio. E não me entendam mal, eu curti pra caramba meu tempo por lá, mas o que eu LEMBRO mesmo foi uma cena animal que eu achei SUPER interessante e que me fez pensar, meio sem querer, em todas as minhas fraquezas.

Foi bem quando eu saí da estação. Eu me debrucei na beira do cais pra olhar o mar e respirar fundo o cheiro de sal, quando eu notei lá embaixo, no meio de várias algas, objetos bem curiosos:

photoPost

Notaram as bicicletas? E existem várias, de idades diferentes, como algum tipo de tradição ou algo do tipo. E também dá pra notar as que são mais recentes, não é demais? O que tem de interessante nisso?, você pergunta. Bom, esse é um “ritual” que nós fazemos sempre, não é?

A gente também joga nossas decepções e inseguranças dentro do peito, embaixo de camadas e mais camas de sorrisos forçados e de gentileza com quem não merece. Não sei você, mas eu faço isso direto. São hábitos antigos, ofensas antigas, tristezas antigas e eles todos funcionam da mesma maneira: a gente percebe, guarda pra gente, pra ninguém mais notar e depois continua escondendo até esquecer que aquilo está ali – e é quando aquilo se torna parte da gente, parte do nosso oceano.

Curioso, né?

Eu passei anos me sentindo insegura com relação à minha própria inteligência, independentemente do que meus pais, irmãos ou amigos me dissessem. Eu me achava meio estúpida e desinteressante demais, talvez até meio lenta e sentia que as pessoas se aproximavam de mim não por quem eu era, mas por algum tipo de benefício que eles poderiam conseguir… O que eu descobri ser uma noção bem ridícula algum tempo depois, mas enfim (está claro pra mim que as pessoas se aproximam por que eu sou uma ótima piadista! 😉 ).

Mas o que importa nisso tudo não é perceber as coisas enterradas que a gente esconde; é também entender o quanto isso nos impede de perceber o quanto somos maravilhosos e complexos! Não somos só um conjunto de adjetivos numa página de facebook nem uma frase no skype. Somos muito mais do que isso, todos com pontos fortes e fracos e com muito a aprender – e ENSINAR aos outros também.

Eu sempre admirei as pessoas que sinceramente sabem admitir bem não só suas fraquezas, mas também suas forças e é o que eu quero desenvolver agora. Não quero dizer pra gente se tornar arrogante nem nada – o que eu quero é ver gente bonita dizendo “nossa, como ‘tô gato hoje” e se sentindo realmente bem com isso. Quero ver gente se aplaudindo por um trabalho bem feito sem esprar elogios de chefes que dormiram de calça jeans ou de familiares mau-humorados.

Se dê poder, se dê segurança! Se permita ser sinceramente FODA de vez em quando, aprecie seus pontos fortes e decida melhorar seus pontos fracos, não faz mal a ninguém – muito pelo contrário! 😉

Na minha opinião, essa é uma pequena atitude que ajuda a aumentar a maré da sua auto-estima e, por consequência, transformar aquelas bicicletas enterradas na lama em lembranças distantes e às vezes meio curiosas – e nada mais.

Um beijo!

3 thoughts on “Descendo para Portsmouth e no fundo Oceano: Sobre a dificuldade de se auto-apreciar!

  1. Claro q vc é excelente piadista…. tanto quanto um elefante fica leve quando dança balet!!!!!
    Acho q algumas bestas esqueceram as bicicletas ao alcançe da maré e dançaram… tadinhos!!!!!
    😛

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  2. Eu nem sabia que o Titanic tinha zarpado do UK. Pra você ver como sou bem informada da vida.

    Mar é muito gostoso né? Eu acho que dá uma sensação muito boa quando a gente debruça assim perto do mar e fica ouvindo o barulho da água, o burburinho das pessoas. Faz pensar na vida, no universo e tudo mais.

    Melhoras para a gripezinha D:

    Eu acho isso muito verdade. Somos camadas de muitas coisas, e acho que quando chegamos em casa, ou em um lugar que chamamos de lar, vamos tirando essas camadas, nos expondo, e muitas vezes isso faz a gente chorar do nada.

    Cara, li um livro MUITO bom que fala de oceano e de lembranças e afins. Se puder arranjar pra ler, deve ser baratinho ai. É “The Ocean at the End of the Lane” to Neil Gaiman. Eu li em inglês e CARA. Joga umas verdades bonitas na nossa cara.

    Acho que todo mundo se diminui demais e se junta muito mesmo com todo o potencial que tem, o que é triste de se pensar D: Adoro ver você up e incentivando os outros a serem mais ups com a vida x] Me dá aquele sorrisinho feliz no meio do dia.

    Te amo gata <3~
    P.s. Estou com saudades.

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  3. “está claro pra mim que as pessoas se aproximam por que eu sou uma ótima piadista!”
    Eu ri. E nem precisou dos dedinhos mexendo junto pra me fazer entender a piada.
    <:'D

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